Aqui há algumas semanas gostei de ouvir, na Sociedade de Geografia, dois veteranos das causas do Mar e da Marinha Mercante, os engenheiros José Gonçalves Viana e Jorge D'Almeida defenderam a necessidade de se desenvolver a Marinha Mercante em Portugal.
O tema é antigo, anterior à Desmaritimização começada em 1975, pois mesmo na fase mais próspera do sector em Portugal, a seguir à Segunda Guerra Mundial, nunca se atingiram parâmetros compatíveis com as nossas possibilidades e necessidades, registando-se sempre resistências ao reconhecimento do sector como da maior importância para o desenvolvimento de Portugal.
Pela minha parte tenho dedicado literalmente a vida a lutar por uma maior sensibilização para as questões dos navios e do mar em Portugal, sem grandes resultados, infelizmente.
Na sua alocução na Sociedade de Geografia, o Eng. Gonçalves Viana adiantou uma explicação para o fenómeno da Desmaritimização: com o 25 de Abril a Marinha Mercante passou a ser vista como um elemento do colonialismo português, a abater logo que possível, enquanto a Marinha de Recreio passou a ser considerada um núcleo de "Fascistas" apesar de, ser-se proprietário de uma embarcação de recreio poder ter um custo muito reduzido com a aquisição, o problema é o sistema depois tratar os proprietários todos como ricos no pior sentido, social e fiscal.
A questão da falta de Marinha Mercante em Portugal já é antiga, como refere o Capitão da Marinha Mercante José dos Santos, num artigo publicado no Jornal da Marinha Mercante de Novembro de 1945, logo a seguir ao final da segunda guerra e à publicação do Despacho 100.
Neste artigo destaca-se a importância de uma frota mercante para Portugal e a acção heróica dos nossos navios e marinheiros mercantes durante essa guerra terrível. Trinta e sete navios mercantes portugueses salvaram a vida de 1500 náufragos nacionais e estrangeiros, ao mesmo tempo que com o afundamento de mais de 10 navios portugueses se perderam mais de uma centena de vidas.
Aqui fica a reprodução do artigo, que em muitos aspectos se mantém actualizado, pois atingimos praticamente o ZERO MARÍTIMO, e num futuro conflito qualquer, não ter navios próprios será um bom contributo para não sobrevivermos.
Refira-se que tenho investigado desde há muito tempo estas questões ligadas à história da nossa marinha mercante durante a guerra e embora este artigo e os dados apresentados sejam muito fiáveis, faltam aqui os três mortos resultantes do ataque de um submarino alemão ao paquete SERPA PINTO, por exemplo. As diversas fontes nem sempre coincidem exactamente quanto à informação relativa a cada caso.
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