S. PAULUS operado pela Carris

A TRANSTEJO deixou de fazer cruzeiros no Tejo depois de ter sido pioneira nesta importante actividade com o lançamento de cruzeiros fuviais regulares a 5 de Junho de 1982 com o cacilheiro PORTO BRANDÃO. O navio S. PAULUS que vinha fazendo cruzeiros anualmente de Abril a Outubro está agora a ser operado desde 1 de Maio pela Carris Tour, uma espécie de departamento de excursões da companhia dos autocarros e eléctricos de Lisboa. Para já, este ano de 2015 temos cruzeiros mais caros e o S. PAULUS "vandalizado" com uma faixa amarela que o parece tornar num tavesti de eléctrico. O percurso é mais reduzido, entre o Terreiro do Paço, Cacilhas e a zona de Belém, numa derrota de cerca de 80 minutos repetida quatro vezes deixando de se fazer o percurso pelo Tejo Oriental até à EXPO. Consta que depois de os Cacilheiros fazerem cruzeiros e excursões no Tejo desde o século XIX, a Transtejo reformulou esta sua tradição, passando a actividade à Carristour, que deverá ser privatizada qualquer dia, pelo que as duas unidades da Transtejo utilizadas nos cruzeiros, o S. PAULUS e o FANTASIA, deverão ser postos à venda com entrega depois de 31 de Outubro. 

Não tenho nada contra a Carris, mas sinto esta incursão nas actividades tradicionais da Transtejo como uma afronta de mau gosto, enfim mais uma manifestação de desmaritimização, a acrescentar a tantas atitudes de negação do MARítimo no subconsciente português. Seguramente ficamos mais pobres. Claro que isto é a perspectiva de um excêntrico que tem o desplante de gostar de Cacilheiros ao ponto de ter dedicado alguns anos da sua vida estranha a investigar a história dos transportes fluviais ligados ao Tejo e à cidade de Lisboa, de que resultaram diversos livros entretanto publicados. Isto num mundo que pura e simplesmente ignora tudo o que tem a ver com a água, os barcos, os navos e o mar, apesar da discursata oficial do MAR ELDORADO. E com certeza as decisões sábias são bem fundamentadas em números e outros conceitos superiores, claro.