Acaba de sair mais uma edição da Revista de Marinha, que corresponde ao número 984 e é referente a Março e Abril de 2015, apresentando na capa o arrastão português PASCOAL ATLÂNTICO, fotografado na Gafanha da Nazaré por Luís Miguel Correia. Esta edição da RM é dedicada em especial à temática das Pescas, como sobressai da leitura do editorial, assinado pelo seu Director, Vice-almirante Alexandre da Fonseca, que reproduzimos:
"... No presente número da vossa revista vamos abordar com algum destaque os setores da pesca, aquacultura e atividades relacionadas.
No que se refere à pesca, os números provisórios de 2014 indicam um decréscimo de 18% nas capturas, que atingiram as 121.000 tons., de certa forma compensado por um aumento de 19% nos preços. De assinalar um significativo aumento das capturas de atum na Madeira. Os portos de pesca mais importantes, por tonelagem desembarcada, são Sesimbra, Matosinhos, Peniche, Olhão e Aveiro.
A cavala, a sardinha, o carapau, o polvo e a pescada são as espécies mais comuns; sublinhe-se, com preocupação, uma nova queda nas capturas da sardinha, que obrigou mesmo à suspensão da pesca desta espécie, com consequências sociais que tiveram eco na comunicação social.
Na aquacultura, de que não temos números oficiais, estima-se uma produção de cerca de 11.500 tons, com aumentos significativos no mexilhão e na ostra, no Algarve, e da dourada, na Madeira. São valores diminutos, se comparados com uma produção de 200.000 tons. na vizinha Galiza, mas existe potencial de crescimento, quanto mais não seja por substituição de importações.
Na transformação do pescado o panorama é mais positivo. A exportação dos produtos da fileira do pescado tem vindo a crescer e a presença em feiras como a SEAFOOD, em Bruxelas, tem-se saldado com êxitos. A exportação das conservas anda pelos 200 M€, com o crescimento condicionado pela falta de sardinha, a matéria prima mais importante. A balança comercial da pesca, contudo, mantém-se negativa, em cerca de 560 M€.
As perspetivas para o futuro são razoáveis. Vemos com otimismo o esforço legislativo, designadamente, a Lei de Bases do Ordenamento e Gestão dos Espaços Marítimos e diplomas complementares, cujos efeitos, contudo, são de médio prazo. As quotas de pesca, recentemente negociadas em Bruxelas, aumentaram razoavelmente e registam-se investimentos na aquacultura e em unidades indústriais da fileira do pescado. A salicultura e a produção de algas tem vindo a crescer. A investigação científica nacional tem apoiado o setor e trazido alguma inovação. Por outro lado, a redução do número de pescadores no ativo tem permitido algum aumento na produtividade.
No lado negativo, regista-se o envelhecimento da frota, pois faltam novas construções, por não existirem linhas de crédito de apoio.
A pesca é, e será sempre, uma atividade de risco, que a falta de uma cultura de segurança mais acentua. Uma tragédia recente, o afundamento da embarcação SANTA MARIA DOS ANJOS junto das arribas entre a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar, veio de novo enlutar famílias e chamar a atenção para este problema. Em nossa opinião, pese embora a ação disciplinadora da Autoridade Marítima e as ações de formação e treino do For-Mar, terão que ser os próprios pescadores e as suas organizações de classe a assumir uma clara mudança de atitude.
A terminar, os nossos parabéns à Ministra Assunção Cristas pela iniciativa de organizar entre nós, em princípios de Junho, uma “semana azul”, com grande visibilidade internacional, o que naturalmente saudamos vivamente e consideramos muito positivo.
No que se refere à pesca, os números provisórios de 2014 indicam um decréscimo de 18% nas capturas, que atingiram as 121.000 tons., de certa forma compensado por um aumento de 19% nos preços. De assinalar um significativo aumento das capturas de atum na Madeira. Os portos de pesca mais importantes, por tonelagem desembarcada, são Sesimbra, Matosinhos, Peniche, Olhão e Aveiro.
A cavala, a sardinha, o carapau, o polvo e a pescada são as espécies mais comuns; sublinhe-se, com preocupação, uma nova queda nas capturas da sardinha, que obrigou mesmo à suspensão da pesca desta espécie, com consequências sociais que tiveram eco na comunicação social.
Na aquacultura, de que não temos números oficiais, estima-se uma produção de cerca de 11.500 tons, com aumentos significativos no mexilhão e na ostra, no Algarve, e da dourada, na Madeira. São valores diminutos, se comparados com uma produção de 200.000 tons. na vizinha Galiza, mas existe potencial de crescimento, quanto mais não seja por substituição de importações.
Na transformação do pescado o panorama é mais positivo. A exportação dos produtos da fileira do pescado tem vindo a crescer e a presença em feiras como a SEAFOOD, em Bruxelas, tem-se saldado com êxitos. A exportação das conservas anda pelos 200 M€, com o crescimento condicionado pela falta de sardinha, a matéria prima mais importante. A balança comercial da pesca, contudo, mantém-se negativa, em cerca de 560 M€.
As perspetivas para o futuro são razoáveis. Vemos com otimismo o esforço legislativo, designadamente, a Lei de Bases do Ordenamento e Gestão dos Espaços Marítimos e diplomas complementares, cujos efeitos, contudo, são de médio prazo. As quotas de pesca, recentemente negociadas em Bruxelas, aumentaram razoavelmente e registam-se investimentos na aquacultura e em unidades indústriais da fileira do pescado. A salicultura e a produção de algas tem vindo a crescer. A investigação científica nacional tem apoiado o setor e trazido alguma inovação. Por outro lado, a redução do número de pescadores no ativo tem permitido algum aumento na produtividade.
No lado negativo, regista-se o envelhecimento da frota, pois faltam novas construções, por não existirem linhas de crédito de apoio.
A pesca é, e será sempre, uma atividade de risco, que a falta de uma cultura de segurança mais acentua. Uma tragédia recente, o afundamento da embarcação SANTA MARIA DOS ANJOS junto das arribas entre a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar, veio de novo enlutar famílias e chamar a atenção para este problema. Em nossa opinião, pese embora a ação disciplinadora da Autoridade Marítima e as ações de formação e treino do For-Mar, terão que ser os próprios pescadores e as suas organizações de classe a assumir uma clara mudança de atitude.
A terminar, os nossos parabéns à Ministra Assunção Cristas pela iniciativa de organizar entre nós, em princípios de Junho, uma “semana azul”, com grande visibilidade internacional, o que naturalmente saudamos vivamente e consideramos muito positivo.
Alexandre da Fonseca ..."
A REVISTA DE MARINHA é uma publicação independente de divulgação das actividades marítima e navais, que apresenta uma longevidade invulgar entre nós, pois publica-se desde Janeiro de 1937. A título pessoal a minha ligação à RM data de 1970 quando descobri um exemplar à venda e passei a ser leitor assíduo, aos 13 anos. Para comprar a Revista, que então saía todos os meses e custava 7$50, ia a pé para o liceu e poupava o dinheiro dos bilhetes do autocarro. Em 1980 passei a ser colaborador da RM, então dirigida pelo Sr. Comandante Gabriel Lobo Fialho e propriedade da Empresa do Jornal do Comércio. Pouco tempo depois era Director-Adjunto, cargo que desempenhei por muitos anos, até 1995, e que entretanto voltei a assumir em Janeiro deste ano, por convite cheio de significado do actual Director, Sr. Vice-Almirante Alexandre da Fonseca, a quem se deve de forma muito especial o ressurgimento que a revista tem tido, depois de um período de relativo declínio. Muita gente diz que a Revista de Marinha está cada vez melhor, a equipa que a produz esforça-se todos os dias nesse sentido, boas razões para que assine e divulgue a nossa publicação.
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