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Channel: SHIPS & THE SEA - BLOGUE dos NAVIOS e do MAR
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Paquete LISBOA faz 60 anos amanhã

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O dia 10 de Março de 1955 foi uma data festiva no famoso estaleiro Harland & Wolff, em Queen's Island, Belfast, Irlanda do Norte: mais um navio novo, a construção nº. 1463, desceu a carreira, flutuando pela primeira vez no rio Lagan, repetindo uma tradição iniciada na década de 1860, que se imortalizou em 1912 com o R.M.S. TITANIC de triste fama. 
Desta vez o navio não foi para o fundo na viagem inaugural, foi entregue a 7 de Julho desse mesmo ano à companhia Port Line, de Londres e com o nome PORT MELBOURNE manteve a ligação regular entre a Inglaterra, o Norte da Europa, a Austrália e a Nova Zelândia até 1972, transportando carga geral, produtos refrigerados e alguns passageiros. Não sendo propriamente um paquete, reflectia o melhor no género navio de carga e passageiros, comum no período do pós-guerra, a que a Port Line deu a melhor expressão, mandando construir navios eficientes e ao mesmo tempo bonitos,  desenvolvendo uma estética com aparência moderna e aerodinâmica. 
Paquete LISBOA fotografado no Tejo a 9 de Março de 2015 imobilizado na ponte-cais da Matinha

A contentorização das linhas de longo curso determinou o fim antecipado da maior parte destes navios, vendidos para sucata em larga escala, mas não foi o caso do PORT MELBOURNE, que em 1972 foi vendido a interesses gregos em conjunto (en bloc) com o seu gémeo PORT SYDNEY, com o objectivo de ser reconstruído como ferry para ligar a Grécia à Itália no Adriático, passando a chamar-se THERISOS EXPRESS e evitando o desmantelamento na Formosa. 
O novo armador, senhor John C. Karras, entretanto mudou de ideias e optou pela reconstrução para cruzeiros de luxo, num estaleiro grego, segundo projecto escandinavo. O PORT MELBOURNE recebeu então o nome DANAE e entrou ao serviço no início de 1977, disputando o mercado a companhias como a Royal Viking Line ou a Flagship Cruises. Em 1979 passou a ser gerido pela companhia italiana Costa, cuja frota integrou até 1992, quando foi considerado perda total construtiva devido a avarias provocadas por um incêndio, e vendido para sucata com o nome ANAR, que foi logo de seguida alterado para STARLIGHT PRINCESS, depois de revendido a interesses gregos Reparado, voltou aos cruzeiros em 1994 como BALTICA, registado no Panamá. 
Aspecto original do LISBOA, como PORT MELBOURNE, com as cores da Port Line, 
uma empresa associada da Cunard (Foto da colecção de Chris Gee)

Em Fevereiro de 1996 foi comprado pelo armador George P. Potamianos, que no ano anterior tinha vendido o paquete VASCO DA GAMA, passando a operar juntamente com o FUNCHAL a partir de Agosto desse ano, iniciando um período de grande sucesso, em que com o nome PRINCESS DANAE operou por todo o mundo até desembarcar os últimos passageiros em Setembro de 2012, em Marselha. 
O resto é conhecido, o fecho da Classic International Cruises no final de 2012, o arresto em França, o retorno do navio ao Tejo, a mudança de nome para LISBOA em 2013, integrado na frota da Portuscale Cruises, e uma longa estadia no Tejo prestes a acabar agora, com o navio vendido uma vez mais para sucata depois de a reparação a que estava a ser submetido ter sido interrompida em Janeiro de 2014 e não se ter entretanto proporcionado um desfecho alternativo à sucata apesar de se ter gasto muito dinheiro em reparações e alterações no LISBOA. 
Paquete DANAE actual LISBOA, co as cores da companhia Costa (Foto cedida por Chris Gee)

A título de curiosidade, 5 dias antes do lançamento do PORT MELBOURNE em Belfast, foi lançado à água no rio Escalda em Antuérpia, o paquete NIASSA, que entrou ao serviço da Companhia Nacional de Navegação em Agosto de 1955 e foi vendido para sucata em 1979. Na altura o Sr. Potamianos pretendeu comprar o nosso NIASSA, tinha financiamento para o transformar para cruzeiros e um contrato de dez anos com um operador do Canadá e propunha-se utilizar tripulantes portugueses, como depois em 1985 fez por muitos anos com o FUNCHAL, mas, sabe-se lá porquê, a Nacional preferiu vender o NIASSA a sucateiros espanhóis. 
Ao contrário do TITANIC, o PORT MELBOURNE actual LISBOA teve longa vida e faz agora 60 anos, atracado na Matinha, o nosso cais do esquecimento. Sessenta anos é muito tempo para um navio, parabéns LISBOA / DANAE...
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