Em 1965 a companhia Itália colocou em serviço na carreira dos Estados Unidos dois navios gémeos absolutamente extraordinários, o MICHELANGELO e o RAFFAELLO, ambos de 45.000 toneladas de arqueação bruta e 27 nós de velocidade de serviço.
Vieram substituir duas unidades do final da década de 1920, os navios motores SATURNIA e VULCANIA, mas chegaram demasiado tarde a um mercado em fase de desaparecimento, com a preferência dos passageiros pelas viagens aéreas transatlânticas e em 1975 acabaram retirados precocemente na baía de La Spezia, onde permaneceram até serem vendidos para a marinha da Pérsia.
Ainda se tentou a sua utilização em cruzeiros mas a divisão interna em três classes e o consumo muito elevado destes paquetes a turbinas, aliado à pouca procura por navios de passageiros com as características do MICHELANGELO e RAFFAELLO determinaram um final de carreira inglório no Golfo Pérsico.
Tal como os navios, que tive oportunidade de conhecer em Lisboa, porto que frequentaram nas viagens regulares e em cruzeiros, esta fotografia, registada em 1973 no porto de Nápoles, é extraordinária: "tinha chegado a Nápoles de comboio na véspera e ao amanhecer era esta a vista do meu quarto de hotel - o RAFFAELLO, à minha espera atracado na Estação Marítima a caminho de Nova Iorque", contou-me Bill Miller, que tirou a fotografia com uma teleobjectiva de 210 mm. Estava muito calor e poeira, criando um ambiente de "smog", traduzido na fotografia por este tom de ouro. De facto o RAFFAELLO e o seu irmão foram dois dos últimos grandes paquetes dos anos sessenta, um período de ouro na história da navegação de passageiros do século XX, então considerado por muita gente como o final de uma época de viagens marítimas de longo curso em grandes paquetes.
Texto de L. M. Correia e imagem de Bill Miller /Text by L.M.Correia and image copyright Bill Miller. Favor não piratear. Respeite o meu trabalho / No piracy, please. For other posts and images, check our archive at the right column of the main page. Click on the photos to see them enlarged. Thanks for your visit and comments. Luís Miguel Correia