Publiquei esta imagem e texto em abril de 2006. Tempo agora para a refrescar e recordar:
"Há navios que pela sua existência e atividade ao longo de determinado período de tempo se tornam verdadeiro património nacional. Dos atuais navios portugueses enquadram-se nesta perspetiva a fragata D. FERNANDO II E GLÓRIA, o navio-escola SAGRES, o NTM CREOULA, o navio-hospital GIL EANNES e o paquete FUNCHAL.
Sobre o FUNCHAL, este navio era então o último sobrevivente da antiga frota de navios de passageiros portugueses que em 1966-68 chegou a contar com 26 paquetes em atividade.
O FUNCHAL fez parte de um grupo de grandes navios construídos em 1960-61 por encomenda expressa de armadores portugueses: o PRINCIPE PERFEITO e o INFANTE DOM HENRIQUE, propriedade das empresas CNN e CCN (Nacional e Colonial), ambos de cerca de 20.000 toneladas, 1000 passageiros e 21 nós de velocidade, que se destinaram às ligações regulares com África, que mantiveram até 1975, e o FUNCHAL, construído na Dinamarca para a Empresa Insulana de Navegação. Com 150 m de comprimento, 10.000 toneladas de arqueação bruta e 21 nós de velocidade (estas dimensões eram as máximas possíveis para o navio servir o porto de Angra do Heroísmo, ilha Terceira), o FUNCHAL transportava 400 passageiros e fez carreiras regulares de Lisboa para a Madeira, Açores e Canárias. Foi retirado desta linha definitivamente em 1975 e passou a servir no mercado de cruzeiros internacionais, onde operou até 2015, com o nome original e a bandeira portuguesa à popa.
Esta longevidade e sucesso deve-se a partir de 1985 à ação de um armador grego, o Sr. George Potamianos, que comprou na altura o navio à empresa pública CTM então em liquidação, e, em vez de o levar para a Grécia, se mudou para Lisboa, montou cá um escritório, uma empresa, e singrou, com muito mérito, até ao seu desaparecimento em maio de 2012..."
Foto do FUNCHAL a entrar em Lisboa em Abril de 2006
Luís Miguel Correia - 2006