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Channel: SHIPS & THE SEA - BLOGUE dos NAVIOS e do MAR
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Linha Funchal - Portimão

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As viagens entre a Madeira e o Algarve, reiniciadas a 2 de Julho último com o ferry VOLCAN DE TIJARAFE, estão a ser um sucesso, com grande afluência de passageiros e viaturas e grande entusiasmo de muitos madeirenses.

A Empresa de Navegação Madeirense (E.N.M.) ganhou o mais recente concurso público internacional promovido pelo Governo Regional da Madeira para concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e veículos por ferry entre a Madeira e o Continente, com operação sazonal no período de Verão, com 12 viagens por ano, de Julho a Setembro para os anos de 2018 a 2020, com um subsídio anual de 3 milhões de euros.
A decisão foi anunciada a 10 de Maio último, dando conclusão a um processo demorado e complexo que acabou por não atrair quaisquer operadores internacionais, dada a natureza do mercado madeirense, considerado de pequena dimensão e muito marcado pela sazonalidade.
O Grupo Sousa, proprietário da Empresa de Navegação Madeirense, foi o responsável pela única proposta apresentada a concurso, estimando resultados negativos da ordem dos 5 milhões de euros ao longo dos três anos da operação, calculando transportar cerca de 7500 passageiros em cada ano.
De 2 de Julho a 19 de Setembro a E.N.M. assegura 12 viagens em rotação semanal com saídas do Funchal todas as segundas-feiras, e de Portimão às terças. Está a ser utilizado o navio espanhol VOLCAN DE TIJARAFE, afretado ao armador Armas, das Canárias, o qual operou anteriormente uma carreira Canárias - Madeira – Portimão de Junho de 2008 a Janeiro de 2012, e que então acabou em termos no mínimo polémicos. Construído em Vigo em 2008, o VOLCAN DE TIJARAFE efectuou anteriormente esta linha por operação directa da Armas: é um navio moderno, de 19.976 GT, 3.400 TDW, 154 metros de comprimento, 23 nós de velocidade e lotação para 856 passageiros, dos quais 206 em camarotes, transportando ainda 300 viaturas ligeiras. As viagens Funchal – Portimão são complementadas com ligações às Canárias (Las Palmas e Tenerife).
A dimensão do mercado madeirense foi sempre problemática no que toca às carreiras regulares de transporte marítimo com o Continente, estabelecidas em 1875 pela antiga Empresa Insulana de Navegação, cuja operação foi subsidiada pelo Estado Português até 1914, e mantidas pela Insulana até 1974 e depois pela sucessora desta, a CTM – Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, até Outubro de 1975, quando o paquete FUNCHAL foi retirado. Efectuaram-se depois, a título experimental em 1978, oito viagens com o paquete NIASSA, que não tiveram continuidade.
Em 1974, o então Secretário de Estado da Marinha Mercante, Eng. Gonçalves Viana tinha preparadas medidas para a implementação de um serviço ferry regular entre o Continente, a Madeira e os Açores, que previa a compra de um navio próprio moderno e um subsídio indemnizatório do respectivo serviço público, mas o Governo que integrava caiu e a iniciativa não teve continuidade, tornando a Madeira e os Açores os únicos arquipélagos europeus sem ligações ferry para passageiros e viaturas em toda a Europa, o que acabou por gerar na opinião pública madeirense um movimento de pressão a que entretanto foram sensíveis os principais partidos regionais, e culminou agora no restabelecimento da carreira para Portimão, ainda que a título experimental. De lamentar neste processo que o Governo da República tenha recusado apoiar a iniciativa, apesar do tão propalado desejo de promoção das actividades marítimas a que chama Economia Azul.
Em complemento da actividade da Empresa Insulana, a Empresa de Navegação Madeirense e a sua associada Empresa de Transportes do Funchal asseguraram até 1990 uma carreira semanal de carga e passageiros Funchal – Lisboa, com os navios mistos de carga e passageiros MADEIRENSE e FUNCHALENSE, que transportavam cada um 12 passageiros em viagens muito agradáveis efectuadas aos fins de semana.
A retoma da linha Funchal – Portimão é um passo importante para a diversificação dos meios de transporte de acesso à Madeira, como alternativa à via aérea. Há agora que dar continuidade ao projecto, alargar o apoio político que devia ser consensual e ter a ambição necessária para logo que possível ampliar a carreira numa perspectiva de operação por todo o ano, com meios próprios e apoios suficientes. 
Uma futura carreira regular permanente deveria no nosso entender ligar o Funchal a Lisboa, cujo porto, em decadência acentuada, vítima de pressões autárquicas e imobiliárias, tem vindo a perder a vocação centenária de Grande Porto Nacional, sem que se contabilizem os prejuízos nem as responsabilidades por essa vertente nefasta de desmaritimização.
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