O EBORENSE, o último ferry tradicional a operar no Tejo, vai ser retirado do serviço dentro de dias. Construído em 1954 em Viana do Castelo, seria a última unidade integrada na frota da velha Parceria dos Vapores Lisbonenses, cuja sucessora Sociedade Marítima de Transportes quase faliu com a abertura da ponte Salazar em 1966 e sobreviveu até 1975 e à formação da Transtejo com subsídios da AGPL.
Apesar dos seus 62 anos, o EBORENSE continua com ar moço e a proporcionar as travessias mais agradáveis possíveis no Tejo, com os seus decks abertos e acessíveis aos passageiros. Os certificados de navegabilidade e segurança caducam no início de Janeiro e a empresa proprietária parece não dispor dos meios e ou vontade para lhe prolongar a vida, que diga-se tem sido de verdadeira utilidade pública todos estes anos, nomeadamente nos mais recentes em que a sua existência permitiu substituir os novos barcos construídos em Aveiro por 14 milhões de euros e que pouco têm navegado, por razões técnicas e falta de fiabilidade, com avarias recorrentes, em especial no que toca ao ALMADENSE.
O desaparecimento anunciado do EBORENSE é mais um passo na regressão da nossa maritimidade fluvial. Não se deveria deixar perder esta barco que tem excelentes condições para operar no turismo fluvial, para além de que como "back up" qualquer dia vai fazer falta quando os novos estiverem indisponíveis, como aliás está farto de acontecer.
Entretanto aproveitem para uma última travessia de Belém à Trafaria, acaba dia 3 de Janeiro, mas entretanto vai voltar esta semana o LISBONENSE, mais fechado, barulhento e feio.
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